
O PPGAS e o GESTO convidam para a palestra “Caminhos para utopia: Temporalidades de transformação no Movimento dos Sem Terra”, do professor Alex Ungprateeb Flynn*, da Universidade da California – Los Angeles. Seu último livro, Pathways to Utopia: Time and Transformation in the Landless Workers Movement of Brazil (Indiana University Press, 2025) é fruto de sua tese de doutoramento (Universidade de Manchester) e parte de sua pesquisa foi realizada durante sua estadia como pesquisador em intercâmbio junto ao NAUI (PPGAS/UFSC). Sua pesquisa investiga os movimentos sociais e o potencial prefigurativo das práticas artísticas, teorizando a produção de conhecimento, a temporalidade da utopia, bem como as dimensões sociais e estéticas da forma. É autor de Taking Form, Making Worlds (University of Texas Press, 2022) e co-organizador de diversas coletâneas. Comprometido com uma abordagem etnográfica experimental, também atua como curador; sua exposição Construction, Occupation está atualmente em cartaz no Fowler Museum, em Los Angeles. Em 2017, recebeu o troféu APCA em reconhecimento ao seu trabalho curatorial.
Caminhos para utopia: Temporalidades de transformação no Movimento dos Sem Terra
Quinta-feira, 14/08/25; 18:30; Auditório do Bloco E/Anexo CFH (em português)
Fundado em 1984, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) tornou-se uma referência internacional para a luta pela reforma agraria. Durante quarenta anos, o MST representa um farol de esperança e, enquanto outros movimentos progressistas se dissiparam, ele persiste revigorado: 450 mil famílias assentadas; mais de meio milhão de pessoas com acesso à segurança da terra e da moradia.
Ainda assim, membros do movimento falam da reforma agrária e do próprio MST como um desejo e uma contradição. O caráter utópico do movimento é discutido, tanto como uma impossibilidade, quanto como uma saída futura, ou seja: um sonho, porém também um dispositivo. Como compreender tais contradições? De que maneira os contornos lineares de uma política utópica se encontram com as formas e fluxos de uma luta geracional continuada que se realiza na terra?
A partir de uma perspectiva etnográfica de longa duração, esta fala examina como produtivas tensões internas entre ideais utópicos e práticas contra-utópicas emergentes contribuem à longevidade do movimento, para além de sua reconhecida forte organização e visão coletiva. Ao longo de quarenta anos, a experiência vivida da luta, diferentemente de uma ruptura performativa, enraíza-se em um tempo que se estende e se dilata por meio das ações corporificadas das comunidades e de sua relação com a terra. Nesse sentido, considera-se que o ativismo não é um ato momentâneo, e sim uma prática relacional e contínua — em que até mesmo as menores ações comunitárias reverberam, transformando as próprias estruturas pelas quais se busca mudar o mundo.